Quando criança eu tinha um
perfil astuto, teimoso (ainda sou) e manipulador. O ambiente familiar ajudou muito
para que eu pudesse agir assim. Eu não era uma criança má, apenas tentava tirar
proveito usando a inteligência sobre a inocência dos adultos. Da parte da família do meu
pai, eu era o caçulinha e da parte da minha mãe, eu era o primeiro. Isso me
deixava na condição próxima de "intocável". Apesar de dar muito
trabalho aos meus pais, eu não fazia nada de mais ou anormal para um menino,
apenas fui uma criança "espaçosa", do tipo que não aceitava ser
contrariado sem um bom argumento.
Essa fase passou (para sorte
dos meus pais e azar das lojas de brinquedos) lá pelos seis ou sete anos,
quando passei a entender e assimilar valores e crenças sobre a vida como, por
exemplo, a existência da morte.
No passado, a minha inocência
de criança aliada a minha franqueza natural fez com que meus pais e parentes
ficassem em muitas "saias justas".
Uma delas aconteceu em
alguma data entre 1980 e 1982, quando meus pais foram convidados para um
casamento que seria celebrado na cidade de Eldorado/SP, mais precisamente no
distrito de Barra do Braço.
O distrito é um dos locais
de origem da minha família paterna. Meu bisavô Belarmino Ferreira, pai da vovó Nativa, foi muito conhecido e uma figura que faz parte da história local.
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Bisavô Belarmino sentado |
Naquele dia, meus pais, eu,
meu primo Marcelo, tio Paulo (irmão da minha mãe), tia Rita e tia Adelina (irmãs
do meu pai) seguimos para Barra do Braço.
Não me lembro se mais pessoas foram na "caravana".
Seria a minha primeira vez em
um casamento. Eu estava na igreja ao lado de tia Rita, Marcelo e tio Paulo,
ansioso para ver de perto a cerimônia que, até então, só havia visto em novelas e
filmes.
Foi aí que o silêncio tomou
a igreja e as portas se abriram. Naquele instante surgiu a noiva para iniciar
sua caminhada até o altar.
Foi um casamento simples, realizado em
uma região rural, bem diferente do que eu imaginava. E qual foi a minha reação?
Uma frase de decepção dita em voz alta, que cortou o silêncio da igreja naquela
tarde, com um eco que se misturou a risos, desconforto e constrangimento dos
convidados.
Naquele momento, eu olhei
para a tia Rita e disse:
"Tia, que noiva
feia!"
Acho que além da reação dos
convidados, causei um trauma eterno na noiva ((risos)). Na minha inocência, uma
noiva sempre foi a linda atriz das novelas e filmes. A realidade foi uma
decepção.
Confesso que escrevo rindo
essa história. Não há como evitar, principalmente ao lembrar a reação de tia
Rita, que parecia querer se esconder nos bancos da igreja.
Espero ter resgatado
lembranças boas (ou ruins)((risos)) aos que tiveram presente naquela tarde.
Fiquem com Deus.