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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Iguape: Banda Musical Santa Cecília

Conforme anúncio do blog, foi realizada neste último final de semana,  a Festa do Senhor Bom Jesus de Iguape.

Uma grande manifestação de fé no litoral sul do estado de São Paulo. Mesmo com todos os problemas estruturais da pequena cidade para receber uma quantidade enorme de romeiros (falta de orientação no trânsito, sem lugar para estacionar, poucos lugares confiáveis para se comer, mal se consegue espaço para andar pelas ruas...), valeu a pena no sentido religioso e da cultura popular.

Fiz dois registros da participação da simpática banda da cidade: a Banda Musical Santa Cecília. É o tempero que dá todo o sabor de cidade do interior a charmosa Iguape.

Banda Musical Santa Cecília - Agosto de 1959
(Fonte: http://my.opera.com/perfeito/albums/showpic.dml?album=466794&picture=6849242)

O primeiro registro é a participação da banda na procissão do Senhor Bom Jesus de Iguape. O segundo registro é uma volta em torno da basílica de Iguape (vídeo ficou um pouco longo), onde se pode ver a bela estrutura arquitetônica da cidade e também a grande quantidade de romeiros, principalmente na lateral direita da basílica, onde se forma a fila para visita a imagem do Senhor Bom Jesus.






Deixo este histórico da Banda, onde consta o relato da sua fundação, em 1926, pelas mãos do maestro iguapense Paulo Massa.


Após a morte de Rebello, em 1926, Paulo Massa e outros discípulos do maestro, resolveram fundar a Banda Santa Cecília, que estreou no dia 29 de maio de 1927.
 Durante alguns anos, Paulo Massa dirigiu essa banda, até que se dissolveu, voltando a reorganizá-la em 22 de novembro de 1931.
 Santa Cecília é considerada a padroeira da música, sendo também a santa protetora da banda Euterpe Paulista.

Em janeiro de 1928, ao tempo do prefeito Acylino Sérvulo da Cunha (1925 a 1928), foi assinado contrato entre a banda Santa Cecília e a Prefeitura de Iguape, pelo qual os músicos se apresentariam todos os domingos e feriados no jardim da Praça da Basílica. Nessa época, em que o cinema ainda não era sonorizado, as concorridas sessões do cinema Smart (depois Éden Cinema) eram animadas pela afinada banda de Paulo Massa.
 Também as festas religiosas não ficavam sem a animação de seu conjunto.
 Foi organista da igreja de Iguape e professor de música do Colégio Bom Jesus, que funcionava na cidade, mantido pela igreja Católica. Considerado um gênio musical, Paulo Massa tocava todos os instrumentos musicais, sendo um grande pianista e compositor.

Todo dia 25 de janeiro, sua data natalícia, os músicos da cidade realizavam alvorada festiva em frente à sua residência. Os músicos percorriam toda a cidade e, depois , era servido chocolate em sua casa na Rua Capitão Dias, em frente à casa do saudoso Paulo Brasileiro Fortes, seu cunhado. À noite, acontecia um grande baile, que entrava pela madrugada afora.

Católico fervoroso, Paulo Massa sempre ia às missas levando sua filha Elza. Certa feita, pai e filha estavam sentados atrás do órgão, e como as missas eram longas, a menina Elza dormiu. Quando Elza acordou levou um grande susto e saiu chorando pela igreja. Foi quando Sebastiãozinho Fortes, também cunhado de Paulo Massa, viu a sobrinha e a levou para casa. Dona Lucília ficou muito zangada com o marido, mas logo tudo terminou em pizza...

A Banda Santa Cecília tocava em todas as solenidade religiosas e cívicas da cidade, nas festas de São Benedito, do Espírito Santo e do Bom Jesus e Nossa Senhora das Neves.
 Em 1934, Paulo Massa passou a direção da Santa Cecília para seu discípulo Aquilino Jarbas de Carvalho, que conduziria até o ano de sua morte, em 1979. Assim, Paulo Massa fundou outra corporação musical na cidade, a Banda Nossa Senhora das Neves, que dirigiu por dez anos.

Na ocasião do IV Centenário de Iguape, em 3 de dezembro de 1938, Paulo Massa tocou num grande baile realizado na Prefeitura Municipal, com a presença do interventor Adhemar de Barros e esposa, do prefeito Manoel Honório Fortes e grande número de convidados. Paulo Massa ao piano, Augusto Rollo Júnior ("Sinhô Rollo) ao violino, Zica Veiga na Flauta e demais músicos de Santos, como o sr. Marader, no contrabaixo. Um baile antológico.

Uma carreira brilhante

Em 1944, quando o mundo se via às voltas com a Segunda Guerra e a cidade de Iguape se encontrava em difícil situação econômica, Paulo Massa decidiu se transferir definitivamente com a família para São Vicente em busca de novos horizontes para a sua arte. No entanto, nunca perdeu os laços afetivos com sua terra natal e vinha todos os anos para Iguape, na ocasião da Festa de Agosto, render suas homenagens ao padroeiro Bom Jesus.

Em São Vicente, além das suas atividades musicais, Paulo Massa também afinava pianos, não vencendo os chamados. Durante muitos anos, foi organista da Igreja do Valongo, em Santos. Também tocava na Igreja de São Vicente. Na Igreja do Rosário era chamado para casamentos e missas comemorativas. Tocou por muitos anos em Eldorado. Foi organista em Itanhaém, por ocasião da Festa do Divino Espírito Santo. Tocou em diversas bandas em São Vicente, porém não queria mais compromissos como maestro. Foi pianista na Ilha Porchat ao lado de músicos famosos. Tocou piano durante muitos anos na Prainha, boate muito famosa na época.

Sempre muito elogiado pelos jornais de São Vicente e Santos. Andava sempre bem vestido, não saindo de casa sem paletó e gravata. Era nervoso e tinha medo de trovoada. Gostava muito de cavalos.
 Todo aniversário de Paulo Massa era muito festejado. Quando completou 70 anos, o filho Fernando, que tocava na banda da Força Pública de Santos, levou seu grupo para prestar uma grande homenagem ao querido pai, executando lindos dobrados, e a festa se estendeu pela noite afora.

Entre suas muitas composições destacam-se: a ária Elza para procissão, as valsas Maria Helena, Elvirinha, Marta, A Voz do Coração, Yolanda, Uma Saudade, Uma Recordação; chorinhos Toninha, Rosinha, Fel de Boi; e a marcha Esperança, entre muitas composições .

Sua querida esposa Lucília faleceu, aos 74 anos, em 30 de maio de 1976. Rodeado pelo afeto dos filhos e familiares Paulo Massa partiu para a Eternidade no dia 16 de janeiro de 1989, aos 89 anos, sendo enterrado no Cemitério Areia Branca, em Santos , junto com sua esposa que com ele viveu 56 anos de feliz união conjugal, acompanhando-o nos bons e maus momentos de uma vida tão históricamente rica.

Em junho de 1991, foi inaugurado o Centro Musical Paulo Massa, numa merecida homenagem ao grande maestro iguapense que fez da arte musical o significado de sua vida.

(Fonte: http://familiamassa.spaceblog.com.br/697205/A-Banda-Santa-Cecilia/)







Parabéns a Banda Musical Santa Cecília pela sua participação na festa e na identidade cultural de Iguape.

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