"Mistérios da Meia-Noite
Que voam longe
Que você nunca
Não sabe nunca
Se vão se ficam
Quem vai quem foi..."
Contos da Cripta (Tales From The Crypt) sucesso na Band nos anos 80/90
Apesar de vivermos nossa história no dinamismo, modernidade e avanços dos anos 90, medos e crenças ainda faziam parte de cada um de nós.
Na nossa região, havia um certo morador muito estranho. Calado, poucos amigos e um jeitão todo misterioso. Era um sujeito pardo, barba grossa (mas feita), olhos fundos e cabelos despenteados.
Relatavam os mais velhos, jurando de pés juntos que, nas noites de lua-cheia, algo muito estranho e misterioso acontecia na casa do cidadão.
Segundo a lenda urbana (ou as afirmações dos antigos da região), a mãe do sujeito o colocava preso em uma coleira já na primeira noite de lua-cheia. Uivos e rosnasdos cortavam o silêncio das madrugadas, causando medo e agonia naqueles que ouviam.
Alguns diziam que viram mais de perto a cena macabra e que o mesmo ficava coberto de pelos, ou seja, era o próprio LOBISOMEM.
Apesar da gente não levar muito a sério esta invenção popular, todos tinhamos um medo inconsciente desta história, até porque conhecíamos a pessoa. Além disso, toda vez que ele passava por nós perto do período da lua-cheia, misteriosamente mancava muito, não conseguia andar direito. Quanto mais próximo da data da "virada da lua", mais ele mancava. Seria isso uma evidência que comprovaria a história contada pelos mais velhos?
Outra evidência é que ele simplesmente sumia durante a lua-cheia. Parece estranho, mas ninguém o via pelas ruas neste período.
Para voltar das baladas nos finais de semana, tínhamos que necessariamente passar a pé pela frente da casa do cidadão, já que não tínhamos carro. O problema é que em razão dos nossos rolinhos com as garotas, muitas vezes voltavamos separados.
Agora imaginem passar no local, sozinho, no meio do nevoeiro da madrugada. Pois bem, não apenas eu, mas todos os integrantes da turma chegaram a ter esta desagradável experiência por pelo menos uma vez. Eu tinha minha técnica: passava correndo e não olhava para trás!
Em 1994, notícias assustadoras de mortes causadas por ataques de um feroz animal, detentor de garras e dentes afiados, se espalhavam pela cidade de Registro. Todo mundo conhecia um primo da vizinha de uma vítima, ou tinha como informante a cunhada da amiga que trabalhava no hospital que confirmou ter visto um defunto todo rasgado e cheio de mordidas.
Eu, inclusive, tinha uma ex-namorada que trabalhava no hospital. Ela me alertou que pessoas lá de dentro confirmaram as histórias.
O pânico dominou a cidade! Ninguém saia pelas ruas a noite. Policiais trabalhavam em campanhas para esclarecer as histórias e, quem sabe, capturarem o bicho.
As mortes estavam acontecendo no bairro da Vila Nova, divisa com nossa região. Na cabeça daqueles que conheciam a história do morador sinistro, havia um só pensamento: será que a coleira não está segurando mais a fera nas noites de lua-cheia?
Os integrantes do JC que sempre ficavam na rua, sentados na calçada e batento papo até de madrugada; ou voltando a pé dos bailes, simplesmente saíram de cena, afinal de contas não queríamos "pagar para ver". Ficamos um bom tempo sem sair de casa.
O caso teve uma repercussão tão grande que chegou a ser matéria do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão.
O fato foi que ninguém descobriu o que realmente aconteceu naquele ano e a fera que rondava as ruas registrenses simplesmente sumiu. Será que a coleira foi trocada?
Este é um mistério que nunca foi desvendado. Pode ter sido apenas boato de cidade pequena? Pode! Pode ter sido verdade? Também!
Esta história serve de alerta para você. Se ouvir uivos e rosnados, não saia de casa, pois nunca se sabe quando o Lobisomem de Registro irá voltar!!!
Pessoal,
ResponderExcluirVou fazer um pedido:
Não citem o nome da pessoa e nem onde morava especificamente. Vamos respeitar e preservar a identidade do cidadão.
Ale